Morreu a estrela que já não brilhava.
Morreu o Príncipe da Pop, que já havia caído do trono.
Morreu o Palhaço-Triste da Geração da MTV, esta que já se pensava ter acabado.
Morreu o sonho americano da fama e glória da Criança Prodígio.
Morreu sozinho.
Morreu doente.
Morreu o seu coração, que há muito tinha deixado de bater, desiludido e desmotivado.
Morreu o Filho Genial de Joe Jackson.
Que eu seja pai e não crie um Clown de marioneta.
Que eu seja pai e não venha aos 80, de brinco de chulo na orelha, fazer declarações de propaganda enlouquecida.
Que eu seja pai e não raptor da vida duma criança à normalidade, uma qualquer que seja.
Que eu seja pai e crie um filho que venha a ser Homem e Mulher com uma argola de Felicidade, um percing de Liberdade e uma tatuagem de Humanidade.
Morreu a sombra da estátua antes da própria estar concluída.
Morreu quem desejávamos que subisse tanto, só para o vermos cair.
Que prazer este, tão carnívoro e necrófago, que temos em nos alimentar do sangue e dor dos nossos próprios deuses.
Como amamos deificar pobres criaturas para depois as sugar na sua invencibilidade.
Morreu e desatou o mundo a ouvir as suas canções e a dizer que o amava. Quem? A máscara, o Peter Pan, o esqueleto que dança ou o homem dentro da capa?
E alguém conhecia o homem? Nem ele próprio, é bem provável, eu cá não sei.
Morreu o palhaço, mas o circo parece que continua, um pouco triste mas só até ao próximo mascarado de nariz vermelho nos fazer rir patética e novamente.
Que perversidade!